E aí, motorista?
Se tem algo que os condutores têm em comum é a reclamação pela alta no preço da gasolina, concorda? É verdade que há alternativas ao seu uso, como o etanol, porém, essa opção também tem sofrido altas constantes, afinal, também leva gasolina em parte de sua composição.
O preço médio dela está a R$ 7,29, o que representa um recorde histórico de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). E o mesmo aconteceu com o diesel. Mais utilizado por caminhões e ônibus, ou seja, veículos de maior porte, ele chegou a R$ 6,63 — e a expectativa é de que chegue a R$ 7,02 após o último reajuste anunciado pela Petrobrás.
Por fim, existe o cilindro de gás GNV, sigla para Gás Natural Veicular, que está se popularizando bastante nos últimos meses, embora também tenha sofrido um generoso aumento de quase 20%, anunciado pela Petrobras. Agora, o metro cúbico está saindo por R$ 5,22, em média.
Diante dessas opções, qual é a melhor se o intuito é economizar? O Gringo vai te ajudar!
Respondemos as perguntas:
Por que o gás natural se popularizou?
Ter o próprio transporte é uma questão de conforto e praticidade. Contudo, nos últimos anos, com o surgimento de outras comodidades, como as viagens por aplicativo, e com a alta constante dos combustíveis, muitos brasileiros têm repensado o uso do automóvel no dia a dia.
Além das despesas atreladas à posse, como o IPVA, o licenciamento, reparos e manutenções periódicas, é preciso reservar uma quantia cada vez maior para manter o veículo rodando. E a Petrobras é responsável pelas mudanças no preço, mas ela depende dos valores acordados no mercado internacional, que foram agravados desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Com isso, quem mais sofre é o consumidor, que tem contribuído com a popularização do GNV para não abrir mão do conforto. Ao optar por essa utilização, o motorista precisa adaptar seu veículo, tomando todas as precauções para garantir sua segurança e a de seus passageiros.
Como é rodar no GNV?
O compartimento de combustível serve para aceitá-lo em forma líquida. Portanto, se o condutor quer testar o rendimento do GNV, o carro/moto deve passar por uma conversão.
Vale citar que alguns estados, como Rio de Janeiro e Paraná, oferecem até incentivos para que essa troca aconteça, cobrando 1,5% e 1%, respectivamente, de IPVA em relação à tabela Fipe. Outros estados, como Minas Gerais, congelaram o preço do GNV por 3 meses, para incentivar a procura e adesão.
Com tantos benefícios, seria de se estranhar que a procura não tivesse aumentado. Mas, quando pensam no GNV, as primeiras dúvidas que surgem estão relacionadas ao seu funcionamento. Quanto custa? É seguro? A economia de combustível é a única vantagem? É verdade que estraga o motor? Como é rodar no GNV? E por aí vai.
Quais são as vantagens?
Em relação à direção em si, não há diferença entre um carro/moto que roda com GNV para um que roda com gasolina ou etanol. O que existem são vantagens e desvantagens dessa mudança. Se você está cogitando fazer a conversão, vamos dar alguns incentivos a seguir!
É mais barato mesmo
Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), usar GNV rende o dobro que a gasolina e o etanol. A pesquisa foi realizada no final de 2021 e constatou que, quando comparado ao uso do derivado de cana, a diferença é ainda maior.
Com R$ 100, um automóvel consegue rodar 158 km com gasolina, 134 km com álcool e… 306 km com GNV. É evidente que os preços mudam de acordo com os veículos e com as cidades nas quais será feito o abastecimento. Ainda assim, o GNV se mostra vantajoso quando a preferência é pela economia.
Economia de tempo também
Se o combustível rende mais e você gasta menos, ainda se economiza tempo. Afinal, você não vai mais precisar ir ao posto sucessivas vezes, principalmente se for do tipo que se programa financeiramente para encher o tanque. Caso tenha o hábito de usar muito o carro para viajar, percorrer longas distâncias ou utilizá-lo como meio de trabalho, é uma ótima alternativa converter para GNV.
O meio ambiente agradece
A emissão de gases poluentes pelos combustíveis tradicionais é tão frequente e prejudicial que pode fazer até com que o condutor seja penalizado, precisando pagar multa e perder pontos em sua carteira. Além das pessoas, o meio ambiente é o que mais sofre com essa poluição, que é bastante reduzida ao preferir o GNV.
Esse tipo de gás é extraído de poços e instalações de tratamento de pequeno porte. Seu transporte é limpo e seguro, realizado por gasodutos ou navios metaneiros, diferentemente da gasolina, cuja logística contribui com a poluição da atmosfera. Por fim, o cilindro de gás GNV é mais sustentável, visto que ele é mais leve que o ar — portanto, quando há vazamento, não se acumula tampouco oferece riscos de explosão ou incêndios.
Aumenta a vida útil do carro
Ao contrário dos outros tipos de combustível, o gás natural veicular não gera acúmulo de sujeira nos bicos injetores, deixando o sistema de injeção limpo por mais tempo. Além disso, o óleo dura mais, porque o gás não se mistura nem o contamina, melhorando a vida útil do lubrificante. Por fim, o escapamento também se beneficia, pois não fica resíduo de água, levando-o a durar 20% mais tempo.
Então, pode-se dizer que, fora a economia gerada pela troca do combustível, ainda se gasta menos nas trocas de óleo, sem prejudicar os componentes internos do conjunto mecânico.
E quais são as desvantagens?
Nem tudo são pontos positivos. Fazer a conversão para cilindro de gás GNV apresenta algumas ressalvas. Agora, caberá ao motorista decidir qual é a melhor opção para seu veículo e bolso. Confira!
Precisa comprar e instalar o cilindro de gás GNV
Não tem nenhum carro que saia de fábrica sendo GNV. Então, de antemão, seu proprietário precisa comprar o kit com cilindro de gás GNV, que custa, em média, R$ 4 mil, e levar o automóvel a uma oficina que seja homologada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). E um porém: se o carro/moto estiver no período de garantia, ela será perdida com a troca.
Perda de espaço
Já viu um cilindro no porta-malas do carro de alguém? Provavelmente, esse veículo funciona a gás natural veicular. Reparou que preenche parte do espaço? Pois é. Quem opta pela conversão “sofre” com esse problema. Na hora de viajar, o condutor precisa se readaptar a isso, procurando alternativas para encaixar a bagagem, caso ela seja volumosa.
Motor menos potente
Automóveis movidos a GNV costumam ser até 10% menos potentes que os convencionais devido ao fato de que seus motores não foram projetados para aproveitar a combustão do gás. Naturalmente, isso faz com que eles se desgastem com maior facilidade. Uma alternativa que pode retardar isso é aumentar a periodicidade da troca de óleo. Contudo, é apenas uma dica, viu? Até porque o uso GNV permite que haja um espaçamento maior entre essas trocas.
É burocrático
Depois que a conversão é realizada, é preciso ficar em conformidade com as leis estaduais, e elas exigem que a alteração seja registrada no Departamento de Trânsito do seu estado. Para isso, basta levá-lo ao Organismo de Inspeção Acreditado (OIA), portando o certificado de homologação, a nota fiscal de realização do serviço, a nota fiscal do kit com cilindro de gás GNV, a nota do cilindro, do reteste e o atestado de qualidade do instalador registrado.
Qual é a faixa de preço do cilindro de gás GNV e da instalação?
Como o tópico anterior alerta, para fazer a conversão, o condutor precisa, primeiro, comprar o cilindro. O kit gás é composto por um redutor de pressão, um filtro, um sensor de pressão, fluxo e temperatura do combustível, mangueiras de gás e água, cilindro de armazenamento do gás e bicos injetores. Dá para achar um com facilidade na internet, nos mais variados preços, a partir de R$ 3 mil.
Lembre-se de checar a procedência do vendedor! Em seguida, procure também uma oficina certificada pelo Inmetro que possa fazer a troca — que pode sair por até R$ 9 mil, dependendo do modelo do automóvel. Para ver a que fica mais perto de você, consulte esta lista. O procedimento dura entre cinco e nove horas, então, programe-se também para ficar sem o veículo nesse período.
Quais são os cuidados necessários durante a instalação?
A instalação do kit com cilindro de gás GNV depende de uma avaliação prévia do veículo. Por isso, é indispensável que as oficinas responsáveis por esse processo sejam homologadas pelo Inmetro. Carros movidos a gás natural veicular demandam velas mais resistentes por causa da tensão na ignição, o que não se vê em automóveis mais antigos. Então, não é incomum que, antes da conversão, seja necessário trocar uma ou outra peça.
Além das velas e bobinas, é verificado como está o motor, filtros de ar, sonda lambda e a taxa de compressão, para garantir que haverá compressão suficiente a fim de que o carro rode bem com o GNV. Eventualmente, será preciso investir em um serviço de funilaria, o que tende a aumentar o tempo do procedimento.
Vale a pena fazer a alteração?
Vale! Apesar de a troca exigir um bom investimento e apresentar algumas desvantagens, usar GNV se mostra mais vantajoso que trafegar com gasolina ou etanol, principalmente para condutores que usam seu veículo para trabalhar ou dirigem com frequência.
Mas, mesmo que comumente se chame “troca”, o procedimento não é, de fato, uma troca. Isso porque o motorista continua tendo a opção de abastecer seu automóvel com gasolina, etanol ou até mesmo diesel, além do cilindro de gás GNV. Aliás, ele precisa de um desses combustíveis para dar a partida, sabia?
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